O Febraban Tech 2025, maior evento de tecnologia e inovação do setor financeiro, destacou, recentemente, em sua programação oficial uma das frentes mais promissoras da transformação digital no país: a aplicação da inteligência artificial (IA) na recuperação de crédito.
Com o número de inadimplentes no Brasil alcançando um recorde de 69,66 milhões de pessoas — cerca de 42% da população adulta —, cresce a urgência por estratégias eficazes e inovadoras. Nesse contexto, a IA surge como protagonista, revolucionando a forma como as instituições financeiras interagem com devedores e otimizam seus processos de cobrança.
A tecnologia vem sendo utilizada para automatizar negociações, personalizar abordagens com base em dados comportamentais e testar, em tempo real, estratégias mais eficientes. Um dos projetos em destaque é a parceria entre a PUC-PR e a startup Monest, que utiliza aprendizado de máquina para prever taxas de inadimplência e intenção de pagamento a partir de indicadores socioeconômicos e dados coletados de portais de notícias e redes sociais.
Destaque do projeto é a MIA — agente de IA autônoma e humanizada — que realiza negociações diretamente com os devedores por meio de plataformas como o WhatsApp. Essa solução permite interações personalizadas, empáticas e escaláveis, com funcionamento contínuo e sem necessidade de intervenção humana, ampliando a eficácia da recuperação de crédito e gerando maior acessibilidade para os consumidores.
A proposta vai além da automação: ela representa uma mudança cultural na relação entre credor e consumidor, com abordagens menos invasivas e mais inteligentes, baseadas em análise de dados de alta complexidade. Para os operadores do Direito, este movimento requer atenção quanto à proteção de dados, ao compliance com a LGPD e à atuação ética dos agentes automatizados.
Importante acompanhar de perto os avanços tecnológicos que impactam diretamente o cenário jurídico e financeiro. A adoção da IA na cobrança e recuperação de crédito impõe novos desafios e oportunidades para instituições, consumidores e profissionais do Direito.
