O projeto Worldcoin, cofundado por Sam Altman, CEO da OpenAI, tem enfrentado crescente escrutínio global devido à sua prática de escanear íris em troca de criptomoedas. A iniciativa visa criar um sistema de identidade digital global, diferenciando humanos de inteligências artificiais. No entanto, autoridades de proteção de dados em diversos países expressaram preocupações significativas sobre privacidade e segurança dos dados biométricos coletados.
Recentemente, a Agência Espanhola de Proteção de Dados (AEPD) ordenou que a Worldcoin eliminasse todos os dados de escaneamento de íris coletados desde o início do projeto, citando violações ao Regulamento Geral de Proteção de Dados da União Europeia (GDPR). Essa decisão alinha-se a uma resolução anterior da autoridade de proteção de dados da Baviera, Alemanha, que também considerou a coleta de dados da Worldcoin como uma infração às normas de privacidade.
No Brasil, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) determinou, em 24 de janeiro, a suspensão da oferta de criptoativos ou qualquer outra forma de recompensa para participantes do programa da Worldcoin. A decisão foi tomada após especialistas alertarem sobre os riscos à segurança e à privacidade associados ao escaneamento de íris, incluindo a possibilidade de vazamento de dados sensíveis.
Usuários que participaram do projeto relataram preocupações após o procedimento. Uma publicitária que teve sua íris escaneada expressou se sentir “lesada” e preocupada com a segurança de seus dados pessoais. Ela recebeu cerca de 50 tokens da Worldcoin como recompensa, que poderiam ser convertidos em outras criptomoedas ou em reais.
Em resposta às críticas, Damien Kieran, vice-presidente de proteção de dados da Tools for Humanity, empresa por trás da Worldcoin, afirmou que o objetivo do projeto é “provar que as pessoas são humanas” na internet. No entanto, especialistas em privacidade alertam que a coleta de dados biométricos em troca de dinheiro pode ser considerada uma prática exploratória, especialmente em populações vulneráveis, e que há riscos significativos associados ao armazenamento e uso desses dados sensíveis.
À medida que a Worldcoin busca expandir suas operações globalmente, enfrentando desafios regulatórios e preocupações éticas, a empresa afirma estar trabalhando em estreita colaboração com autoridades de proteção de dados para garantir conformidade com as legislações locais e internacionais.
Por:
Eduardo Anversa Scremin- OAB/RS 110.840